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quinta-feira, 28 de dezembro de 2017

Renascer todos os dias...



Não há noite mais linda, ocasião em que muitos corações comungam em igual emoção. Noite de sentimentos que elevam e levam paz aos demais através da prece em lembrança ao nascimento do eterno e terno homem de Nazaré. No entanto, independente da data comemorativa é quando amamos que realmente o Natal se faz presente em nós.

Somaia Gonzaga



terça-feira, 19 de dezembro de 2017

A P es soa ...



E quando por fim acredito estar imune,
Embriago-me no teu perfume...
Fragrância que ignoro,
No entanto ainda mais aprazível
Que a essência de meu Lou Lou.
Absorvo livre de medos,
Impregna-me os anseios,
Num mergulho apaixonado ao som de Blue moon.


Somaia Gonzaga


domingo, 10 de dezembro de 2017

E não é a parte, mas o todo...



E eu falo a tua língua,
Não profiro a gramática da nação,
Mas, do encontro, da ação...
Essa língua presa em tua boca,
Articula o sempre sem pensar,
Boca e língua que aspiro,
Boca rosa, boca linda,
Boca de meus delírios.



Somaia Gonzaga

domingo, 3 de dezembro de 2017

Domingo


Um dia tranquilo,
Regado a um bom vinho.
Falas, boa música, sorrisos.

Subitamente uma melancolia invade,
arde...
Lembranças de um tempo perdido,
ido...
São lamentos de um coração tocado,
estraçalhado...

Embriaguez da alma...

Que entorpece
O que foi sentido,
O que é sentido
E que não faz mais sentido.

Tanto melhor
Ter havido
Vivido,
Sucumbido.

Quiça seja a sua paz.



Somaia Gonzaga





terça-feira, 28 de novembro de 2017

Ressurgir



É com alegria que a menina travessa desponta em mim,
 banindo a entediada jovem senhora .



Somaia Gonzaga


sábado, 18 de novembro de 2017

Encantado (Nature boy)



Era um rapaz, estranho e encantador rapaz
Ouvi que andara a viajar, viajar
Toda terra e o mar
Menino só e tímido
Mas sábio demais
Eis que uma vez, num dia mágico
O encontrei e ao conversarmos
Lhe falei sobre os reis
Sobre as leis e a dor
E ele ensinou
Nada é maior
Que dar amor
E receber de volta amor



Eden Ahbez

segunda-feira, 13 de novembro de 2017

Combate


É preciso seguir. Determinou.
Entregando-se as atividades cotidianas e à sua solitude.
E quando por fim pensa estar protegida dela mesmo,
 Acorda tão carente que deseja , mais uma vez, o que nunca a pertenceu... 


Somaia Gonzaga




sábado, 11 de novembro de 2017

Pulsando....


É mais uma primavera,
Que anela e revela
Sensibilidade em contínua erupção.

Quarenta sucedidos,
Mais sete são vividos
No peito um sentido
De repleta emoção.

Ascende em boa hora,
Numa alma que aflora,
Gratidão por cada estação.






Somaia Gonzaga





domingo, 29 de outubro de 2017

Devoção



Ah! O amor ...
É sentido,
E dado de graça,
Cromatiza a vida,
Quando se instala.

Não impõe retribuição,
Nem consolo impelido.
 O amor e romance
Nem sempre juntos
São vividos.

O meu querer não dói,
Pois que me constrói,
Desejo que por vezes atormenta,
Ternura que resiste ao tempo,
E ausência.



Somaia Gonzaga





quinta-feira, 19 de outubro de 2017

Retida



É manhã. Procuro inspiração para compor versos-inversos e nada brota... 
A ausência dos fatos me impossibilita. 
Dia branco, mente cinza. 


Somaia Gonzaga



quarta-feira, 20 de setembro de 2017

Fascínio




E o sol nasce de novo.
E cai a chuva...
Transcorrem os segundos,
Horas,
Dias,
Meses,
As coisas mudam o tempo todo.
Exceto a minha vontade de você.



Somaia Gonzaga


domingo, 17 de setembro de 2017

Transformar coisas velhas em novas e atrativas.



Aprendi a customizar. Moderna designação para aproveitar o que normalmente iria para o lixo.  Gostei muito das gavetas, por ser bem simples.  É só pegar uma gaveta velha, lixar, pintar, decorar e pronto! Fica novinha em folha.  Daí você pode transformá-la em quadro, criado-mudo, nicho, estante e no que você quiser. Nem precisa ser um artista para reaproveitar um objeto corroído pelo tempo. Curioso é que equiparei aos sentimentos negativos, como guardar mágoa, rancor, que só nos causa mal-estar.  Equivale olhar para um objeto velho e antigo dentro de casa e sentir-se angustiada. Ao invés de se desfazer do utensílio ou lembrança, podemos transmudá-los. Eu consegui converter antigos acontecimentos chatos e relações desgastadas em únicas, é só usar a criatividade. É mais difícil, mas se consegue com paciência. Pensa naquele ocorrido sacal, filtra o que houve de bom e pronto! O resultado vale à pena. 

Decerto alguma coisa você aprendeu. Tudo é arte, viver também.

Somaia Gonzaga






domingo, 10 de setembro de 2017

E se o amor me foge




E se o amor me foge
Lanço-me ao mar
Entrego-me ao abraço das águas

E me ponho a sonhar...


Somaia Gonzaga



segunda-feira, 21 de agosto de 2017

Eu abarco...



Escolhestes singrar outros mares
Em nova embarcação.
Não há nada a fazer...
Eu nau pequena,
Navego serena

No mar da solidão.

Somaia Gonzaga



domingo, 20 de agosto de 2017

segunda-feira, 14 de agosto de 2017

Um mergulho na realidade


Abracei a solidão,
Como quem abraça um amor.
Nada me interrompe ou alicia,
Momento de afasia,
Circunstância precisa.

Dor de amor,
nostalgia,
Que invade minh'alma
E acinzenta meus dias.

A saudade até me acalenta,
Ser insignificante é que me angustia.


Somaia Gonzaga






domingo, 13 de agosto de 2017

Ao meu autor



Não encontro palavras para expressar o que sinto nesse dia alusivo a ele, o que me vem são recordações...  Homem alto, corpo magro e esbelto, sorriso apaziguador. Ainda consigo ouvir os acordes jazzísticos de seu violão ou guitarra, sua voz serena, seus gestos de carinho. Saudade meu velho, de seu colo e sua proteção.

Somaia Gonzaga




sexta-feira, 11 de agosto de 2017

Derramando palavras.



Eu queria ser poeta
Para saber deitar as palavras
Sem mantê-las estáticas,
E incitar a alma em intensa inspiração.

Eu queria versejar apenas,
Dinamizando a língua
Que me é inerente,
Eclodindo sentidos, ser ardente...

Queria ser muito eloquente,
E suscitar suspiros, sorrisos,
No peito de quem sente,
As emoções do mundo terminantemente.


Somaia Gonzaga




quinta-feira, 3 de agosto de 2017

quinta-feira, 27 de julho de 2017

1625 Km de distância e outras mais...




      Seus dias eram mornos e o tempo esvaia-se em sofreguidão.  Dir-se-ia que por ausência dos riscos. Riscos esses que adornam a vida e resgatam o sabor do primeiro olhar, do primeiro beijo e arritmia da pulsação. Seu coração batia seco. Sentia-se morta-viva como um vampiro em busca de sangue para sua própria existência, com a discrepância de que o vampiro ao menos procurava e ela nada fazia.  Mas isso não a incomodava, apreciava seu ostracismo cinza, e foi assim por vários anos. No entanto, a vida brota em cada amanhecer e muda constantemente e com ela não poderia ser diferente.  Era manhã de março quando Dan aproximou-se para beijá-la, essa tentativa lhe causou repulsa e isso a germinou.
      Sim, renasceu entre os muros de si mesma. Mudou-se. Novo apartamento, novas roupas. Tinha voltado para ela e estava feliz.  Cotidianamente repetia ao despertar: “a-cor-dei”, referindo-se ao abrir dos olhos e a percepção de cores em sua atual vida. Estava só e amava este universo. Todavia, ela era uma pessoa, e como tal, cheia de quereres. E novamente quis arriscar, desejava mais, algo que a desmontasse e simultaneamente a construísse. Ficar só já não era satisfatório, tencionava amar. Houve várias tentativas, talvez, mais dos pretendentes, do que dela própria. Angustiada, constatou de que estava medrosa, dava voltas em seu quarto e dentro de si, perdida não sabia agir, falta-lhe pernas.
      Nesse ínterim conheceu João, um homem comum, mas, de poder singular. Quase nunca sorria e mesmo o sentindo circunspecto aquele alguém paulatinamente foi desagregando a rocha que sempre foi. Sim, ela não conhecia o desassossego, a insegurança e o ciúme tão costumeiros às paixões, pois quando despertava amores, não os sentira de fato. Seus romances iam até ao seu esgotamento mental, que, diga-se de passagem, não sobreviviam a uma estação. Às vezes o que a motivava ao término de um enlace era apenas cansaço do “mesmismo”, em outras, tudo a incomodava. Era frequente depreciar a alguns que confessavam carinho,  muito embora tenha convivido anos com seu ex-marido que interrompeu, por um tempo, sua busca incessante em vivenciar a sua solitude, ou possivelmente , tenha, na época, se apaixonado, não se sabe ao certo.
     O fato é que João atingira a pedra com exatidão e Maria custou a aceitar de que estava fascinada até experimentar o que nunca sentira: ciúmes. E ela chorou por sucessivos outonos e invernos. Percebeu-se menina, cheia de medos e desprotegida. Não era mais a moça desdenhosa e solta que fora. Não existia fadiga para os encontros, aliás, ansiava por eles. Não foi meramente uma fase. Agora Maria pertencia. E mesmo que João não a cobiçasse mais, não havia o que mudar. Seu pensamento, sua essência pertenciam a João. Entretanto, essa não é uma história de um amor habitual com final feliz, pois houve uma longa pausa, que suscitou para ambos, outros acontecimentos, e há distâncias entre os personagens em questão, muitas inclusive. Por ele, ela digladiou. Lutou para não amá-lo e depois, em vão, para esquecê-lo. Mas, apesar de não ser um relato de realizações para os dois, visto que nem sabemos das considerações de João e sentimentos para com ela, certamente esse indivíduo “sui generis” lapidou a protagonista que era somente uma criatura, transformando-a em um ser humano.
      ...


Somaia Gonzaga



sexta-feira, 21 de julho de 2017

Florir


As gotas que caem sobre meu corpo
Lavam minh' alma
Provocando algo indecifrável...
E assim deixo-me ser regada.
É que com a chuva eu floresço.

Somaia Gonzaga

domingo, 9 de julho de 2017

Ponto final.




E quando o amor finda,
Leva consigo um pouco da gente,
Deixando uma porção dele mesmo,
No peito que chora e consente a despedida.

Nada de amarguras ou tristezas,
Resta a lembrança das alegrias vividas
Mesmo com a dor da partida.

E é quando a paz me enche a alma,
Ao recordar daquele sorriso que tanto me encantava.



Somaia Gonzaga




domingo, 25 de junho de 2017

Na imensidão do ser há mar.


Na imensidão do ser há mar.

Amar, sonhar, amar,
Amar a presença,
Amar a ausência,
Amar, chorar, amar,
Amar é paciência,
Amar na dor amar,
Amar  sem cobrança,
Amar na bonança,
Incondicionalmente.
Amar, amar.
E há mar...



Somaia Gonzaga



domingo, 18 de junho de 2017

quinta-feira, 1 de junho de 2017

A todo momento...



Há tempos,
A saudade tem nome,
Densa,  inócua,
Estridente...
Secreto o meu pulsar,
E decreto meu silêncio...
Armadilha do destino,
Rota sem direção.
Nas sôfregas horas que passam,
A ausência evidencia secura,
Longos dias...
Desperto para o abandono,
Ouço a emoção e me entrego à urgência que eclode agora.

Somaia Gonzaga

01/06/17

domingo, 21 de maio de 2017

Sentimentos da chuva que florescem no inverno



Domingo chuvoso,
E o frio adentra meu quarto.
Vasto, escasso.

Sob as cobertas observo  os golpes fortes
Das gotas de chuva em minha minha janela.
Que inundam a alma e regam idéias.
Floresço.

A cada gota que cai
Lembranças...
Transbordo.

Melodiosa chuva
Perfeita e nostálgica,
  Acalenta,

Gélido vento invade o recinto,
Estremeço e intento,
Quem me dera teu calor,
Quem me dera teu amor agora.

Somaia Gonzaga




quarta-feira, 17 de maio de 2017

Leveza...




Hoje acordei borboleta.
Leve e colorida,
Recém saída do meu casulo
Não mais importante da lagarta que um dia fui,
mas, sobretudo leve.



Somaia Gonzaga

domingo, 7 de maio de 2017

Confissão...




Às vezes renego você em mim,
Em algumas até consigo...
No entanto, na tua presença aliciante,

Num ápice, explodo em mil sentidos.

Somaia Gonzaga




terça-feira, 2 de maio de 2017

Sensações...




A chuva cai.
 E um cheiro de terra molhada invade as paredes do recinto. 
Doce odor que impulsiona emoções. 
A Noite é fria, o café quente e eu vestida de nostalgia.
E chove... 
Chove em sossego nas ruas escuras e esquecidas de mim.


Somaia Gonzaga



sexta-feira, 21 de abril de 2017

terça-feira, 11 de abril de 2017

Fuga



Ela chega e se instala
E me acompanha
                                  arranha
                                                      assanha
                                                                         As minhas meias verdades ...
                   Amanhece
                                         Anoitece
Entontece
                               Os meus devaneios.

E em silêncio gritante


Recuso-me a essa saudade cortante.


                                                               Somaia Gonzaga


sábado, 1 de abril de 2017

Encantada...



Melhor que receber amor é ofertá-lo.
Assim sendo, carrega esse afago contigo
E prometo atenuar
Os lugares mais íngremes,
E as auroras tempestuosas.
No fim do dia te chego suave,
Roço meus lábios em teu rosto apenas,
A fim de arrancar-te a fadiga de todas as horas
E acalentar-te ainda exaurido.
E mesmo  que não me queiras,
Segue tua vida em certeza

Que velo sempre por ti em minha lembrança.

Somaia Gonzaga




sábado, 25 de fevereiro de 2017

Vestígios de você...



Um leve suspirar e um sorriso acanhado,
Boa música, um lugar, pessoas.
O pensamento vagueia e traz você na cabeça.
Trilho a calçada da vida,
Um brinde! Dirias.
Sorvo o chope em homenagem.
Fecho os olhos nostálgica,
Sonho... Sorrisos e falas...
Acordo e  jogo uma piada monótona e chata.
Represento, tenho alma, sou artista.
Camuflo lembranças em reserva,

De um sentimento desmedido que não cessa.

Somaia Gonzaga


segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

Ao ícone jazzistíco



Partistes Jarreau,
Deixando  “Morning” in my mind.
Paz…
Que suscita perante seus acordes.
E circunda meu íntimo universo.
Que essa serenidade transbordante
Ilumine-o em sua nova jornada.




Somaia Marguerite Gonzaga



domingo, 12 de fevereiro de 2017

Segundos, minutos, horas e uma existência.




  Caminhavam absortas, apreciando o entardecer singular daquele litoral. Já cansadas do passeio, sentaram-se sobre um barco ancorado a beira-mar. Alice, sua amiga desde a infância, era tagarela, e um passeio de quase meia hora em absoluto silencio já era muito bom, pensou, enquanto usufruía com serenidade daquele instante. Percebeu que a mesma estava inquieta, talvez a falta de assunto a enfadasse, preocupou-se, entretanto, sentia que por hora precisava da quietude, o barulho do cotidiano a estressava e o crepúsculo era um convite a apreciação.  Num átimo, Alice pôs-se de pé, cruzou a praia e começou a molhar os seus pés na espuma marinha, como num ritual em homenagem a vida.
  Ana observou a locomoção da moça ao passo que refletia.  Ah vida... Ocorreu-lhe o refrão de uma música de Gonzaguinha. “...vida, vida, vida... que seja do jeito que for, mar, amar, amor...” Lembrou-se do compositor que tanto exaltou a vida, mas que por ironia do destino teve uma existência breve, bem como, passam os anos e toda uma existência, considerou.
  Viver... Refletiu, enquanto observava o vaivém das ondas que lambiam a areia fina e branca da praia. Para ela, sobreviver era apenas ter a consciência de estar em contínuo aprendizado, vivenciando todos os momentos como únicos e experimentando em cada partícula do ser, as conseqüências dos erros e acertos, tão necessários como o próprio tempo. Nunca conheceu alguém que fosse um eterno sofredor, nem mesmo uma pessoa totalmente feliz, o que a fez deduzir que a vida é dinâmica,  cercada dos “sim” e dos “não” ou ainda dos “talvez”. Assim sendo, viver era ser completo sem estar pleno. Era ser, estar e sentir. Concluiu.
  Seus pensamentos foram interrompidos, com a proximidade de Alice que surgiu com um sorriso largo e de uma alegria quase infantil. Lá vem conversa, presumiu. Freneticamente Alice acercou-se e de pronto indagou:
- E aí? Cadê o amor? – Interpelou com simpatia.
- Está aqui. -  Respondeu-lhe calmamente.
-É? Onde? -  Perguntou a outra curiosa e percorrendo os olhos por toda orla.
Sorriu, ao perceber o espanto da mulher que depois de inspecionar o ambiente a olhava com olhos arregalados, diante de sua afirmativa. E foi com o olhar fixo ao mar que explicou serena:
- Está aqui em meu peito, guardado a sete chaves.
- Como? Ah! Já sei! Não é correspondida? – Sondou compadecida.
- Está falando em um homem? -  Ironizou. Sabia o que ela investigava, no entanto, resolveu brincar um pouco.
- Está falando de uma mulher? A outra não se continha de curiosidade e a cada segundo denotava apreensão.
- Alice... Meu amor está na vida. Amo tudo isso aqui. – replicou com entusiasmo.
- Ah bom! – suspirou meio que aliviada e continuou. – Não me respondeu Ana! Estou falando em um namorado... Sorriu maliciosamente.
- E eu da vida. - Devolveu o sorriso  - Existe coisa melhor do que esse sossego? Saio aos finais de semana com minhas amigas e me divirto. Volto pra casa tranqüila e durmo em paz. A cada dia me convenço que manter-se bem é vivenciar o que me causa alegria. Há tempos não namoro. Gosto do romantismo, do amor à moda antiga, da paquera, infelizmente percebo que as relações amorosas estão inexpressivas, ou pior, tornaram-se comerciais, o que é uma pena, vincular-me assim não me traria satisfação alguma. Não faz muito tempo, ainda acreditava que a minha felicidade se encontrava em outro alguém. Coitado! Quanta responsabilidade para o outro, não é mesmo? E que miserável eu seria! – Gargalhou. –  A idéia de que a nossa felicidade depende de uma relação , seja ela qual for,  elimina qualquer possibilidade de bem-estar íntimo. Em tempo, percebi que esse contentamento está em mim e isso independe de possuir uma companhia ou não. A Vida é muito mais que isso Alice. A vida é oportunidade de aprendizado, de disciplina, de autoconhecimento, de troca de conhecimentos e experiências. Limitar a vida a encontros e desencontros sexuais é regressar ao estágio animal. Não me vejo nesse patamar, entretanto, não censuro quem faz disso um esporte. – Escarneceu – Já amei muito, e guardo ótimas recordações, porém a vida segue e cada um procura o que é melhor para si mesmo. Você vai dizer que sinto falta e até concordo! Realmente algumas vezes, a gente se pega pensando em como seria encontrar uma pessoa na atual conjuntura, contudo, não lamento, nem festejo tal circunstancia. Sinceramente, o que realmente entendi é que o meu amor sou eu, falo isso sem orgulho ou egolatria, mas com a simplicidade de uma pessoa que acredita ter alcançado o mínimo de equilíbrio. A propósito, menos lenga-lenga e mais ação! Já está escurecendo e tratemos de voltar para casa, preciso de um banho e me trocar, hoje à noite vou ao Caranguejola, ver gente bonita, jogar conversa fora, espairecer!
  Levantou-se encerrando a conversa, moveu-se em direção a avenida e gesticulou para que a moça a seguisse. Compreendeu que seu argumento não agradou a sua interlocutora, uma vez que, o mutismo e o olhar eram de reprovação, ignorou, pois pensavam diferentes e ela respeitava a individualidade humana. Similarmente deduziu que a única coisa que fez brilhar o olhos de sua amiga foi o fato de ter mencionado  o restaurante que compareceria, pois que, de imediato a mesma pediu para acompanhá-la, e ao consentir-lhe a moça não parou mais de conversar e foi assim durante todo o percurso, articulando a roupa, sapato, bolsa, maquiagem que iria usar para a ocasião.  Cabisbaixa, Ana a ouvia e divertia-se com a velocidade e quantidade de palavras que saiam da boca daquela menina, nem sequer, uma pausa! Como pode uma pessoa falar tanto? Olhou-a tentando entender o motivo de tanta euforia. Será que ela estava cogitando arrumar um namorico no recinto? Queira Deus que arrume, ao menos ficaria mais concentrada no possível affair, impossibilitando-a de tagarelar! Caçoou, à medida que apressava seus passos, uma vez que ela também precisava organizar-se, já que havia muito a se viver.



Somaia Marguerite Gonzaga

terça-feira, 10 de janeiro de 2017

Poema Estudo sobre o silêncio - Alan Figuereido

Por: Somaia Gonzaga
Música: Soledad - Maria Linnemann


Existe o silêncio que inicia a fala
Silêncio ...
Principio
Justa medida para dar espaço
Para abrir a porta na sucessão dos sons ...

As vezes o silêncio traz um retorno necessário
Um eco substancia
Estilos e tempos internos
Daquele que vos fala ..

O silencio fica curto
Quando queremos aproximar as ideias
Chamar a atenção para uma quebra ...
Ou um desenrolar dos versos e das metáforas ...

No fundo o silencio controla a vida
Nos sucessivos respirar dos que falam
Alinham as inspirações
Harmonizam a ventilação dos que comungam do mesmo silêncio ..

O silencio pode ser desconfortável e constrangedor
Sugerir finais intermináveis
Suspender os ares e toda expectativa
De serem boas as palavras ou demasiadamente pesadas ...

O silencio traz alivio
Um entendimento epifanio por entre os versos
Sentimentos eternizados nas diástoles do coração do ouvinte
Curvas orgasmicas do amar a realidade ...

O silencio projeta as sombras de nossas palavras
Reflete por entre os sons
A incompreensão necessária dos que falam
Ruído eterno da vida ..

 Ah ... O silêncio ...

Sustentação dos que vivem
Simbolismo absoluto dos que morrem
Substancia ... primeira da saudade
Objetivo ... ultimo da linguagem

Alan Figuereido