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domingo, 21 de novembro de 2010

"Como se ela não tivesse suportado sentir o que sentira, desviou subitamente o rosto e olhou uma árvore. Seu coração não bateu no peito, o coração batia oco entre o estômago e os intestinos." Clarice Lispector


Perdi as forças... sempre pensei que fosse forte, como uma montanha, uma rocha, mas não sou, ou sou, não sei ao certo. O fato é que você é mais forte que eu, não estou medindo forças, só confesso que não tenho a firmeza que você tem... e sinto que é muito perigoso estar ao seu lado, penso que a rocha, a montanha pode quebrar-se... por isso te abandonei agora, peço que também suma e não volte mais...


                                                                  (Eu)



sábado, 20 de novembro de 2010

Por enquanto...

Simplesmente eu sou eu. E você é você. É vasto, vai durar.
Por enquanto tu olhas para mim e me amas. Não: tu olhas para ti e te amas. É o que está certo."


(Clarice Lispector)



Onde estivestes de noite




Ah, e dizer que isto vai acabar, que por si mesmo não pode durar. Não, ela não está se referindo ao fogo, refere-se ao que sente. O que sente nunca dura, o que sente sempre acaba, e pode nunca mais voltar. Encarniça-se então sobre o momento, come-lhe o fogo, e o fogo doce arde, arde, flameja. 
Então, ela que sabe que tudo vai acabar, pega a mão livre do homem, e ao prendê-la nas suas, 
ela doce arde, arde, flameja.


(Clarice Lispector)



Eu te amo...



"Eu te amo - disse ela com ódio

ao homem cujo crime impunível que cometera
era o de não querê-la."


(Clarice Lispector)

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

O Amor...




 "Mas há a vida que é para ser intensamente vivida, há o amor, que tem que ser vivido até a última gota. Sem nenhum medo. Não mata.”

“É quase impossível evitar o excesso de amor que um bobo provoca. É que só o bobo é capaz de excesso de amor. E só o amor faz o bobo.”

(Clarice Lispector)

domingo, 7 de novembro de 2010

Teu segredo




Flores envenenadas na jarra. Roxas azuis, encarnadas, atapetam o ar. Que riqueza de hospital. Nunca vi mais belas e mais perigosas. É assim então o teu segredo. Teu segredo é tão parecido contigo que nada me revela além do que já sei. E sei tão pouco como se o teu enigma fosse eu. Assim como tu és o meu. 



(Clarice Lispector)





Dá-me a tua mão


Dá-me a tua mão: Vou agora te contar como entrei no inexpressivo que sempre foi a minha busca cega e secreta. De como entrei naquilo que existe entre o número um e o número dois, de como vi a linha de mistério e fogo, e que é linha sub-reptícia. Entre duas notas de música existe uma nota, entre dois fatos existe um fato, entre dois grãos de areia por mais juntos que estejam existe um intervalo de espaço, existe um sentir que é entre o sentir - nos interstícios da matéria primordial está a linha de mistério e fogo que é a respiração do mundo, e a respiração contínua do mundo é aquilo que ouvimos e chamamos de silêncio. 

(Clarice Lispector)


quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Ser feliz...




                     "Ser feliz sem motivo é a mais autêntica forma de felicidade."


                                              (Carlos Drummont de Andrade)



terça-feira, 2 de novembro de 2010

Se tudo existe é porque sou...


Se tudo existe é porque sou. Mas por que esse mal estar? É porque não estou vivendo do único modo que existe para cada um de se viver e nem sei qual é. Desconfortável. Não me sinto bem. Não sei o que é que há. Mas alguma coisa está errada e dá mal estar. No entanto estou sendo franca e meu jogo é limpo. Abro o jogo. Só não conto os fatos de minha vida: sou secreta por natureza. O que há então? Só sei que não quero a impostura. Recuso-me. Eu me aprofundei mas não acredito em mim porque meu pensamento é inventado.


                                                           (Clarice Lispector)