Translate

sábado, 25 de janeiro de 2014

Poema melancólico a não sei que mulher



Dei-te os dias, as horas e os minutos 

Destes anos de vida que passaram; 

Nos meus versos ficaram 

Imagens que são máscaras anónimas 

Do teu rosto proibido; 

A fome insatisfeta que senti 

Era de ti, 

Fome do instinto que não foi ouvido. 



Agora retrocedo, leio os versos, 

Conto as desilusões no rol do coração, 

Recordo o pesadelo dos desejos, 

Olho o deserto humano desolado, 

E pergunto porquê, por que razão 

Nas dunas do teu peito o vento passa 

Sem tropeçar na graça 

Do mais leve sinal da minha mão… 





Miguel Torga




Nenhum comentário:

Postar um comentário