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quarta-feira, 2 de julho de 2025

Coração em duas xícaras - Somaia Gonzaga

Ela vive sorrindo, sem precisar demais,  

Mas às vezes pensa: seria bom ter alguém a mais.  

Não por falta, nem por solidão,  

Só por dividir café e coração.


🌼 Um riso compartilhado, um olhar gentil,  

Um homem tranquilo, com afeto sutil.  

Nada urgente, nada que aperte,  

Só um amor que chega e se acerte.

segunda-feira, 5 de maio de 2025

Entre telas e abismos - Somaia Gonzaga

 


Nunca nos tocamos,

mas meu corpo

sabe o teu nome

como se teus dedos

tivessem escrito em minha pele.


Foi só palavra,

voz,

imagem,

mas me atravessou

como se fosse carne,

como se do outro lado da tela

houvesse respiração, e houve e há...


Eu quis.

Quis tanto

que me calei,

porque o querer demais

pede renúncia

quando o real é impossível.


Meu desejo

fez casa no vazio —

te esperando sem motivo,

te buscando sem razão.


Mas não,

não vou tocar essa ausência,

não vou transformar o sonho

em falta.


Deixo você onde nasceu:

no quase,

no nunca,

no sempre que não veio,

mas que ainda assim,

arde.



sábado, 12 de abril de 2025

Autodescoberta - Somaia Gonzaga


No espelho da alma, ela se vê,  

Um universo inteiro a florescer.  

Cada curva, cada linha, um mapa,  

De um mundo que só ela pode desvendar.


O toque suave, a brisa que dança,  

Um momento de pura confiança.  

Ela é força, é luz, é chama,  

E no silêncio, encontra quem ama.



Reouvindo minhas interpretações, dos meus amigos poetas e poetisas, tanta gente que já se foi... Tempo bom, papos saudáveis e inspiradores.

 

Por: Somaia Marguerite Gonzaga Música: Ivan Torrent - Human Legacy _Epic Powerful Uplifting Female Vocal 

Pois é – o que supunhas? 

Às vezes fico assim, bem-comportada, saia plissada, um pouco abaixo dos joelhos, e nas unhas, em vez dos tons vermelhos, uso estas cores claras, nacaradas. Às vezes fico assim: penteada, maquiada, mas – ah! – discretamente... 

Limito o rosto com brincos de madame – e brinco que inda assim há quem me ame, mesmo contida, formal, séria, reservada. E quando estou assim nem se pressente sob o verniz dos gestos controlados, meus precipícios, o espanto adolescente, com cada pôr-de-lua em madrugada, cada renovação do sol nascente, com tudo, quase tudo. E com pequenos nadas, com ínfimos detalhes comoventes. 

Então: o que pensavas, afinal? 

Às vezes passo assim dias inteiros: tailleurs de tafetá, blusas de linho – e a alma e o coração, meu companheiro, descabelados, em permanente e completo desalinho.


segunda-feira, 3 de março de 2025

Cora Coralina - Homem Água e Homem Vinho




Em água e vinho se definem os homens.


Homem água. É aquele fácil e comunicativo.

Corrente, abordável, servidor e humano.

Aberto a um pedido, a um favor,

ajuda em hora difícil de um amigo, mesmo estranho.

Dá o que tem

– boa vontade constante, mesmo dinheiro, se o tem.


Não espera restituição nem recompensa.

É como água corrente e ofertante,

encontradiça nos descampados de uma viagem.

Despoluída, límpida e mansa.

Serve a animais e a vegetais.

Vai levada a engenhos domésticos em regueiras, represas e açudes.

Aproveitada, não diminui seu valor, nem cobra preço.

conspurcada seja, se alimpa pela graça de Deus

que assim a fez, servindo sempre

e à sua semelhança fez certos homens que encontramos na vida

– os Bons da Terra — Mansos de Coração.

Água pura da humanidade.


Há também, lado-a-lado, o homem-vinho.

Fechado nos seus valores inegáveis e nobreza reconhecida.

Arrolhado seu espírito de conteúdo excelente em todos os sentidos.

Resguardados seus méritos indiscutíveis.

Oferecido em pequenos cálices de cristal a amigos

e visitantes excelsos, privilegiados.

Não abordável, nem fácil sua confiança.

Correto. Lacrado.

Tem lugar marcado na sociedade humana.

Rigoroso.

Não se deixa conduzir — conduz.

Não improvisa — estuda, comprova.

Não aceita que o golpeiam,

defende-se antecipadamente.

Metódico, estudioso, ciente.


Há de permeio o homem vinagre,

uma réstia deles,

mas com esses, não vamos perder espaço.

Há lugar na vida para todos.




quinta-feira, 23 de janeiro de 2025

A Vida - Mario Quintana



    Depois de muitas quedas, eu descobri que, às vezes, quando tudo dá errado, acontecem coisas tão maravilhosas que jamais teriam acontecido se tudo tivesse dado certo. Eu percebi que quando me amei de verdade pude compreender que, em qualquer circunstância eu estava no lugar certo, na hora certa. Então pude relaxar... pude perceber que o sofrimento emocional é um sinal de que estou indo contra a minha verdade.

    Parei de desejar que a minha vida fosse diferente e comecei a ver que tudo o que acontece contribui para o meu crescimento.

    Desisti de querer ter sempre razão e com isso errei muito menos vezes.

   Desisti de ficar revivendo o passado e de me preocupar com o futuro. Isso me mantém no presente, que é onde a vida acontece.

   Descobri que na vida a gente tem mais é que se jogar, porque os tombos são inevitáveis.

    Percebi que a minha mente pode me atormentar e me decepcionar. Mas quando eu a coloco a serviço do meu coração, ela se torna uma grande e valiosa aliada. Também percebi que sem amor, sem carinho e sem verdadeiros amigos a vida é vazia e se torna amarga.

Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver, apesar de todos os desafios, incompreensões e períodos de crise. É agradecer a Deus a cada manhã pelo milagre da vida.

    Pedras no caminho? Guardo todas, um dia vou construir um castelo...