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segunda-feira, 5 de maio de 2025

Entre telas e abismos - Somaia Gonzaga

 


Nunca nos tocamos,

mas meu corpo

sabe o teu nome

como se teus dedos

tivessem escrito em minha pele.


Foi só palavra,

voz,

imagem,

mas me atravessou

como se fosse carne,

como se do outro lado da tela

houvesse respiração, e houve e há...


Eu quis.

Quis tanto

que me calei,

porque o querer demais

pede renúncia

quando o real é impossível.


Meu desejo

fez casa no vazio —

te esperando sem motivo,

te buscando sem razão.


Mas não,

não vou tocar essa ausência,

não vou transformar o sonho

em falta.


Deixo você onde nasceu:

no quase,

no nunca,

no sempre que não veio,

mas que ainda assim,

arde.



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