Nunca nos tocamos,
mas meu corpo
sabe o teu nome
como se teus dedos
tivessem escrito em minha pele.
Foi só palavra,
voz,
imagem,
mas me atravessou
como se fosse carne,
como se do outro lado da tela
houvesse respiração, e houve e há...
Eu quis.
Quis tanto
que me calei,
porque o querer demais
pede renúncia
quando o real é impossível.
Meu desejo
fez casa no vazio —
te esperando sem motivo,
te buscando sem razão.
Mas não,
não vou tocar essa ausência,
não vou transformar o sonho
em falta.
Deixo você onde nasceu:
no quase,
no nunca,
no sempre que não veio,
mas que ainda assim,
arde.